O SINPSI-SC tomou conhecimento de uma nota publicada pelo Jornal de Navegantes a respeito da luta da categoria dos Psicólogos pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais.
A matéria personifica o anteprojeto de lei municipal das 30 horas (uma luta legítima da nossa categoria composta por quase meio milhão de profissionais!) em uma vereadora. Enfatiza um possível interesse pessoal da legisladora, evidenciando desconhecimento sobre esta luta que, há anos, vem sendo travada por esta importante categoria no cenário nacional.
Além disso, a(o) colunista (não identificamos o nome do(a) autor(a)) também mostra desconhecer a relevância dessa reivindicação, não apenas para a categoria, mas também para a Sociedade, principal interessada na Saúde Mental da população. O cerne da luta pela Jornada de trabalho de 30 horas nunca foi privilégio, mas sim o DIREITO à boa qualidade de vida com a redução da jornada de trabalho.
Ao alegar que a “conta não fecha”, faz nada além de reproduzir chavões desconexos e falsamente críticos a respeito de uma categoria que está longe de compor parte de uma classe privilegiada no Brasil;
O trabalho das Psicólogas/os, tanto no âmbito público como no âmbito privado, exige conhecimento e aperfeiçoamento ininterrupto, além de saudáveis condições de trabalho. Necessitamos, portanto, da adequação da jornada de trabalho para 30 horas semanais, para preservar a nossa saúde, bem como garantir a excelência na prestação dos nossos serviços à população.
O exercício profissional de Psicologia exige estudos e atualização constantes, trabalhos externos à prática em si, e aperfeiçoamento profissional contínuo.
A redução da jornada de trabalho no Brasil, de maneira ampliada, deve ser objeto de luta. Sustentamos a necessidade de melhorar a qualidade de vida da classe trabalhadora. Não viemos ao mundo apenas para trabalhar. Temos direito à existência digna com tempo hábil para outras possibilidades de estar no mundo.
Inclusive, vale lembrar que trata-se de uma luta por isonomia entre outras categorias que já conquistaram a jornada de 30 horas. Chama atenção também como a conta parece fechar quando observamos outros salários ofertados na mesma prefeitura.
A disparidade salarial para funções com exigências equivalentes de formação, evidencia que a remuneração tem a ver muito mais com a demanda de mercado, do que com uma valorização e consideração pelo trabalho do psicólogo: um fisioterapeuta trabalha 30 horas e ganha, na referida prefeitura, salário base igual ao do psicólogo; um engenheiro civil trabalha 30 horas e ganha R$1.339,00 reais a mais que um psicólogo. Um odontólogo ganha R$2.170,00 reais a mais, pela mesma carga horária. Nesses casos, a conta fecha?
Nós, psicólogos, não adotamos a mesma lógica de raciocínio, não devemos nos conformar e aceitar uma desvalorização de nosso trabalho. Temos consciência da nossa importância na sociedade, da relevância e impacto social, das vidas que salvamos, das famílias que fortalecemos, das crianças que protegemos.
Ao alegar que “a conta não fecha”, sabemos que nessa “conta” está excluída a qualidade de vida do trabalhador. Repudiamos tratar a vida do trabalhador como simples cálculo, onde o resultado privilegia o lucro, a saúde da ‘economia’ em detrimento da saúde das pessoas.
Estamos presenciando um conformismo e assujeitamento a condições cada vez mais precárias, insalubres, e extenuantes de trabalho. Já não falamos só de precarização, mas de uberização, quarteirização do trabalho, superexploração. O capitalismo produz contradições que afetam a vida da classe trabalhadora de forma violenta: enquanto há aumento da riqueza para poucos, há aumento da miséria para os trabalhadores, embora a tecnologia avance, ela não se traduz em melhoria de qualidade de vida, no caso, aumento de nosso tempo livre.
Mais do que não aceitar isso, lutamos contra essa lógica de viver que nos aprisiona. Temos direito a uma vida plena, e afirmamos o direito de todos terem trabalho digno. Inclusive, a jornada das 30 horas é uma das estratégias de combate ao desemprego, por isso apoiamos não só para nossa própria categoria, que nos compete diretamente, mas para todos os trabalhadores brasileiros.
Por isso, dizemos SIM à jornada de 30 horas, sem redução salarial.
Sindicato dos Psicólogos de Santa Catarina
Diretoria 2021-2025
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